Maria Quitéria (R) – Resina – Umbanda Candomblé: Uma Tríade de Força, Cura e Ancestralidade

A figura de Maria Quitéria, heroína da Independência do Brasil, ecoa através do tempo como um símbolo de coragem, determinação e desprendimento. Menos conhecida, porém igualmente poderosa, é sua conexão com as religiões afro-brasileiras, especialmente a Umbanda e o Candomblé. Essa ligação, tecida em mistério e ressonância espiritual, se manifesta através de diversos elementos, dentre eles a resina, utilizada em rituais e oferendas como ponte para o plano espiritual e como ferramenta de cura. Este artigo visa explorar essa complexa e fascinante tríade: Maria Quitéria (R), a resina e a importância das religiões afro-brasileiras Umbanda e Candomblé na compreensão dessa conexão.

Maria Quitéria: A Heroína e Sua Energia Feminina Forte

Maria Quitéria de Jesus Medeiros, nascida em Feira de Santana, Bahia, no final do século XVIII, desafiou as convenções da época para lutar pela Independência do Brasil. Disfarçada de homem, alistou-se no exército e demonstrou bravura e habilidade notáveis em combate. Sua história, marcada pela audácia e pela busca por liberdade, a consagrou como heroína nacional, um exemplo de força feminina e resistência.

Essa energia feminina forte, presente na história de Maria Quitéria, ressoa profundamente com os princípios das religiões afro-brasileiras. Na Umbanda e no Candomblé, a força feminina é reverenciada através das orixás, divindades que representam aspectos da natureza e da condição humana. Iemanjá, Oxum, Nanã, Iansã, entre outras, são exemplos de divindades femininas poderosas, cada uma com suas características e atribuições específicas.

A energia de Maria Quitéria, como mulher guerreira e protetora, muitas vezes é associada a essas orixás, especialmente Iansã, senhora dos ventos, das tempestades e da guerra. A associação se justifica pela coragem, pela determinação e pela capacidade de superar obstáculos, características que Maria Quitéria demonstrou em sua vida e que Iansã personifica no panteão afro-brasileiro.

A Resina: Elo Entre o Material e o Espiritual

A resina, substância viscosa e aromática secretada por diversas plantas, possui um papel crucial em rituais e práticas religiosas em diversas culturas ao redor do mundo. Na Umbanda e no Candomblé, a resina assume uma importância ainda maior, sendo utilizada como elemento de purificação, proteção e conexão com o plano espiritual.

A fumaça produzida pela queima da resina é considerada um veículo para transportar as preces e oferendas aos orixás e entidades espirituais. Além disso, seu aroma possui propriedades terapêuticas, atuando no campo energético das pessoas e dos ambientes, promovendo a cura, o equilíbrio e a harmonia.

Diversos tipos de resina são utilizados, cada um com suas propriedades e finalidades específicas. O incenso, por exemplo, é amplamente utilizado para purificar o ambiente e elevar a energia espiritual. O benjoim, com seu aroma doce e reconfortante, é utilizado para atrair prosperidade e afastar energias negativas. A mirra, com seu aroma intenso e misterioso, é utilizada para conectar-se com o plano espiritual e promover a intuição.

Umbanda e Candomblé: A Ancestralidade e a Conexão com Maria Quitéria

As religiões afro-brasileiras Umbanda e Candomblé são sistemas de crenças ricos em história, tradição e sabedoria ancestral. Ambas as religiões reverenciam os orixás, divindades que representam forças da natureza e aspectos da vida humana, e valorizam a ancestralidade como fonte de conhecimento e poder.

É nesse contexto que a figura de Maria Quitéria encontra um lugar de destaque. Sua história de coragem, determinação e luta pela liberdade a torna uma referência para os praticantes da Umbanda e do Candomblé. Sua energia feminina forte e sua ligação com a guerra a aproximam das orixás femininas, especialmente Iansã.

A utilização da resina em rituais e oferendas também contribui para fortalecer essa conexão. A fumaça e o aroma da resina atuam como um canal de comunicação com o plano espiritual, permitindo que os praticantes da Umbanda e do Candomblé se conectem com a energia de Maria Quitéria e peçam por sua proteção e orientação.

Conclusão: Uma Celebração da Força Feminina e da Resistência

A relação entre Maria Quitéria, a resina e as religiões afro-brasileiras Umbanda e Candomblé é complexa e multifacetada. Através da figura da heroína da Independência do Brasil, da utilização da resina como elemento de conexão espiritual e da valorização da ancestralidade presente na Umbanda e no Candomblé, podemos compreender a importância da força feminina, da resistência e da busca por liberdade.

Maria Quitéria (R) representa um símbolo de coragem e determinação que transcende o tempo e se conecta com os princípios das religiões afro-brasileiras, especialmente a Umbanda e o Candomblé. Sua história, junto com a utilização da resina em rituais e oferendas, nos convida a refletir sobre a importância de valorizar a ancestralidade, de reconhecer a força feminina e de lutar por um mundo mais justo e igualitário. A conexão com a resina, elemento de cura e elevação espiritual, reafirma a importância de honrar o passado e de construir um futuro onde a sabedoria ancestral seja valorizada e respeitada.